Seca na Argentina pode prejudicar indústria brasileira
Aracaju/SE, 20 de Abril de 2018

A Balança Comercial sergipana apresentou um déficit de US$ 6,3 milhões no mês de março. Diversos fatores como a desvalorização do Real perante o Dólar e a tão falada crise econômica são os principais entraves para números mais interessantes, apesar das exportações terem aumentado aproximadamente 22% no primeiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), nos primeiros três meses do ano, Sergipe importou 28,5 toneladas de Outros trigos e misturas de trigo com centeio, exceto para semeadura, totalizando US$ 5,2 milhões nas aquisições, representando 11,7% do total importado pelo estado. Se comparado ao mesmo período do ano passado, ocorreu um aumento de 6,5% nas importações do produto.
Apesar do plantio do trigo em terras argentinas ser iniciado no mês de maio, a tendência é que haja perdas devido à seca. No início de abril, algumas províncias festejaram a chegada das chuvas, mas a situação ainda preocupa. De acordo com o governo argentino, o prejuízo da colheita dos grãos em geral, em 2018, pode chegar aos 50% em certas regiões. O Brasil ainda enfrenta dificuldades devido à crise na produção do trigo no ano passado, causado pela seca e geadas no Paraná, grande produtor nacional deste cereal.
A alta recente na importação do trigo se dá pelo período da entressafra aqui no Brasil, mas pode ser reflexo do período difícil que pode estar se avizinhando. É possível direcionar a demanda dos grãos para outros países que o Brasil já mantém relação, porém isso poderia acarretar em aumento do custo e, consequentemente, do valor dos produtos finais consumidos pelos brasileiros. Ou seja, o impacto dos custos da importação seria repassado ao consumidor final, provocando um aumento nos preços dos produtos essenciais, como pães, bolos, dentre outros, e a possível volta de um processo inflacionário.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (ABITRIGO) o Brasil tem condições de reverter esse comportamento atual e aumentar a sua inserção no mercado internacional. Para a entidade, o país pouco avançou nos quesitos de competitividade e produtividade, em relação aos demais países. Nesse momento, seria uma boa saída ter uma produção interna mais estável e que pudesse suprir as demandas do setor industrial brasileiro.